Você ainda está do meu lado, mas não estamos num hospital. Um gramado se estende a nossa frente, algumas árvores ao longe e outra que está nos servindo de apoio. O buraco do meu peito se fechou, a cicatriz ainda lateja, mas não há nada por dentro. Ele está na minha mão. Se esforçando para manter-se vivo nas mãos de quem não deveria estar. Você o encara, de novo. Sinto a insegurança tomando conta do meu corpo e meus olhos umedecerem levemente.
“Por que não o pega?”
“Não sei se devo.”
“Mas você quer?”
“Quero.”
“Então o que você está esperando?”
“Não sei.”
“Do que tem medo?”
“De se arrepender.”
“Não basta saber o que sente aqui e aí dentro? Não vale a pena tentar?”
Mas tu levanta, com uma cara confusa. Olha para os próprios pés, desviando o olhar do meu. Se perguntando se valeria a pena. Eu continuo a te olhar e você corresponde. Mas não volta a sentar do meu lado. Dá as costas e vai embora, com a desculpa de que precisa pensar. Você some entre as árvores ao longe, e logo começa a chover. Não me movo. Continuo. Aguentando o frio, o vento.
“E eu vou esperar, o tempo que for.”
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